terça-feira, 28 de junho de 2011

Oh! Ladeira da Glória.








Em 1979, eu tive o prazer ou mais que isso a honra
de morar na Ladeira Glória, em um dos casarões
que foram desapropriados pelo metrô, e que ainda
estão lá meio que abandonados, logo no inicio
próximo ao famoso Hotel Turístico e da não menos
famosa Taberna da Gloria, por trás de onde funciona
hoje o Restaurante Amarelinho.
Foram meses maravilhosos onde eu tive a oportunidade
de respirar o ar dessa região, tão importante
para os brasileiros, que por ali passam, muitos sem
nem mesmo saber que aquele local no entorno do Outeiro,
foi o palco das sangrentas batalhas dos Sá,
para defender a cidade dos invasores
Outros fatos eu poderia aqui relatar, transformando
os meus escritos em um guia para quem desejar visitar
a região, o que não recomendo fazer sozinho, somente
em grupos e durante o dia, visto que hoje o local é ponto
de usuários de drogas nas vinte e quatro horas do dia.
Mas o motivo de tocar no assunto é que me veio à mente
alguns escritos meus dos tempos que vivi inebriando
pela oportunidade de pisar aquele solo, pra mim sagrado,
como o solo da minha cidade natal, Além Paraíba
em Minas Gerais. Aliás, cabe acrescentar que nos últimos
14 anos tenho estado na região, por ser a sede da Rádio Globo,
onde trabalho, na rua do Russel, sob o Outeiro da Gloria.
Certa vez inspirado na obra produzida por Pedro Nava,
conterrâneo da Manchester Mineira, Juiz de Fora,
medico, escritor e pintor e que por ali viveu até
o dia 13 de maio de 1984, quando cometeu suicídio,
eu escrevi o seguinte:

“Oh! Ladeira da Glória que tens de mim em tua sina.
Como me satisfaz percorrer tuas entranhas em busca das
soluções para meu dias, mas vejo que seus mistérios são
mais profundos e intrigantes que os meus.
Tens a capacidade de se transformar em pudica quando
do ecoar dos sinos do outeiro,chamando a todos para louvar
a senhora da Glória. Mas nas sombras dos teus coqueiros quem
der atenção, ouvira os aís de amores idos, vividos, vencidos,
e mais o sussurrar dos nativos, entre suores dos corpos
entrelaçados nas velas das naves que um dia aportaram
no teu caís”

Quando escrevi essas linhas, ainda vivia Pedro Nava,
escritor de uma poesia capaz de nos transportar,
palavras a dentro para à cena.
algumas das obras que li de Pedro Nava.
Bau de Ossos, Balão Cativo, Chão de Ferro entre outros.
Eu não sei se é saudade de um bairro que respirava
poesia e historia, eu sei é que me deu vontade de aqui
narrar o momento vivido talvez como grito
de liberdade para a esquecida e violentada Ladeira da Gloria.